Uma reunião ocorrida na noite da última quinta-feira, 29, na sede da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), avaliou a relação da mineradora Alcoa com as empresas paraenses em relação à aquisição de produtos e serviços para a implantação do seu projeto de bauxita no município de Juruti, oeste do estado.
Apesar de a empresa ter revelado que as empresas localizadas no Pará já faturaram mais de R$ 200 milhões com o projeto, os empresários cobraram uma valorização ainda maior das empresas localizadas nos municípios do oeste paraense, onde está o empreendimento.
Participaram da reunião os integrantes da diretoria executiva da ACES, cerca de 50 empresários, representantes da Associação Comercial de Juruti, o coordenador do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), David Leal, e gerentes da Alcoa e da Camargo Corrêa, principal construtora contratada pela mineradora.
O gerente de Aquisições e Logística da Alcoa, Cláudio Vilaça, informou que a empresa já adquiriu R$ 212,6 milhões de produtos e serviços de empresas paraenses. Vilaça informou que deste montante anunciado pela Alcoa, 17.24% foram faturados por empresas do município de Juruti.
A maior fatia, no entanto, ficou com as empresas da Capital, Belém, que faturaram 25.48% do total, cerca de R$ 54,1 milhões. Outros municípios que tiveram vendas expressivas à Alcoa foram Ananindeua (13.77%), Oriximiná (13.38%) e Monte Alegre (12.37%).
Santarém ficou com apenas 6.77% do bolo. Este volume de compras de empresas santarenas foi considerado baixo, principalmente comparando com as aquisições feitas em localidades mais distantes, como Belém.
Para o presidente da Associação Comercial de Santarém, Olavo das Neves, não deve haver uma disputa dos municípios pela divisão destas vendas, mas sim um aumento das compras em toda a região, contribuindo com o desenvolvimento do oeste do Pará. "Queremos aumentar a participação de Santarém neste bolo, sim, mas queremos que aumente também a participação de todos os municípios da região", disse o empresário.
O gerente de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Alcoa, Maurício Macedo, avalia que houve um avanço muito grande na relação da Alcoa com as empresas da região desde março, quando houve uma primeira reunião para tratar do assunto. Na época, os empresários chegaram a denunciar que a Alcoa não estava cumprindo com as promessas feitas nas audiências públicas e que estava valorizando mais as empresas de fora do Pará. "Havia também muita desinformação de ambos os lados. A empresa está cumprindo o seu papel social e econômico na região e nosso compromisso é com todo o Pará", disse Macedo.
Segundo Macedo, o objetivo da Alcoa não é ser conhecida como uma empresa de mineração, mas reconhecida como uma empresa de desenvolvimento. "Nós trabalhos a cada dia, a cada segundo, para conquistarmos o direito de operar o empreendimento", disse.
Segundo ele, as críticas feitas ao projeto são importantes para a correção de possíveis erros e para correção de rotas. Macedo ainda apresentou aos empresários um plano geral sobre a implantação do projeto, informando que 55% das obras estão concluídas e que a operação deve começar em agosto do próximo ano.
O presidente da Associação Comercial de Juruti, Otávio Barbosa Macedo, concorda que houve um incremento significativo nas aquisições feitas pela Alcoa das empresas regionais. Segundo ele, a situação hoje é bem diferente da vivida no começo do ano e as empresas de Juruti conseguiram estabelecer uma boa relação com a Alcoa e as contratadas.
No entanto, Otávio acredita que esta relação pode melhorar ainda mais, sugerindo à Alcoa que abra mais espaço para a participação das empresas da região no projeto. Na avaliação de Cláudio Vilaça, as empresas de Juruti evoluíram muito e por isso conseguiram aumentar de forma significativa as vendas para a Alcoa e contratadas.
Segundo o gerente, a participação das empresas da região deve aumentar muito, principalmente em virtude das obras da Agenda Positiva, um conjunto de ações que visa dotar o município de infra-estrutura física e social para receber o empreendimento.
Vilaça informou que a empresa está investindo R$ 50 milhões nesta agenda e deste total, R$ 45 milhões ainda serão investidos a partir de agora, gerando uma grande demanda junto às empresas regionais.
Para o coordenador do PDF, David Leal, a capacitação é a palavra chave para que as empresas possam se qualificar de forma a atender as necessidades do empreendimento. Ele destacou a importância do PDF, orientando as empresas que se cadastrem no programa e participem do Procem, o Programa de Certificação de Empresas realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa).
Segundo Leal, o acompanhamento feito pelo PDF aponta um aumento grande da participação das empresas paraenses nos grandes empreendimentos implantados no estado, especialmente na área da mineração.